domingo, 12 de fevereiro de 2012

cont.

Com a ascensão nos estudos pude constatar a perpetuação dessa realidade. Não percebia uma prática pedagógica que realmente suscitasse uma reflexão dos modos de ser e viver dos discentes. O que sabiam, pensavam ou a relação que os conteúdos tinham com seus contextos histórico-culturais não eram habitualmente contemplados.
Ao assumir a função de professora, reproduzi a minha experiência enquanto aluna. As narrações dos alunos sobre suas realidades, dificuldades, tristezas, alegrias, levaram-me a constatar que os conteúdos abordados em sala de aula quase nada tinham em comum com suas vivências. Compreendia a importância do acesso, por parte dos alunos, ao saber acumulado pela humanidade através dos tempos, mas este acesso deveria considerar como tal, também, os saberes que os alunos trazem para as escolas, e assim não incorrer na falha destacada por Freire (2005, p. 97-98):

Não seriam poucos os exemplos que poderiam ser citados, de planos, de natureza política ou simplesmente docente, que falharam porque os seus realizadores partiram de uma visão pessoal da realidade. Porque não levaram em conta, num mínimo instante, os homens em situação a quem se dirigia seu programa, a não ser com puras incidências de sua ação.


Em face disso, comecei a estranhar minhas atitudes, escolhas no que se refere à prática docente. Refletir sobre tal fato, fez-me compreender como somos levados, muitas vezes, a não nos percebermos, professores e alunos, enquanto produtores de conhecimento e de cultura. Aceitava o discurso da ideologia dominante e a reforçava porque também era vítima dessa “miopia”, como bem define Freire (2006, p.126):

A capacidade de penumbrar a realidade, de nos “miopizar”, de nos ensurdeceder que tem a ideologia faz, por exemplo, a muito de nós, aceitar docilmente o discurso cinicamente fatalista neoliberal que proclama ser o desemprego no mundo uma desgraça do fim do século.
           

     A docência desperta muitos conflitos e inquietações em relação à teoria e prática. Essa relação torna-se uma exigência para a nossa reflexão crítica, pois sem esta, como afirma Freire (2006, p. 22)  “[...] a teoria poderá virar blábláblá e a prática, ativismo”.
    No que se refere à Proposta Curricular para Educação de Jovens e Adultos (EJA), as práticas pedagógicas desenvolvidas nesta modalidade de ensino implicam na valorização das experiências e conhecimentos prévios de seus alunos, considerando o vínculo entre educação, trabalho e práticas sociais e culturais, ou seja, reconhecer os saberes dos quais são portadores

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