quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

cont.

No tocante as práticas artístico-culturais que se fazem presentes na escola, podemos observar no gráfico 3, que as direcionadas ao público jovem foram as mais destacadas pelos alunos, como a Capoeira, com 38% das citações, e o Hip hop com 29%. Constatamos também que algumas das práticas artístico-culturais exercidas pelos alunos, como o Pastoril, o Boi de Reis e a Praieira, informação contida no gráfico 2, não foram  citados nesse ítem.
O entrecruzamento dos dados nos fez perceber que, apesar de um número mínimo de alunos (2%) ter afirmado a “não existência” de  práticas artístico-culturais em suas comunidades, a grande maioria(76%) desses não é alcançado por essas práticas,demonstrando não vivenciá-las ou “desconhecê-las”.
Desse modo, fica visível a imposição do pensamento de um grupo dominante que exclui a legitimação de outras culturas, impedindo a possibilidade de se fazer plural. Sobre  o tema aborda Certeau ( 2003, p.167 ):


[...] e, não tendo outro meio de se avaliarem senão conforme o critério único imposto pela escola (mas também pela família, pelo meio), eles se marginalizam a si mesmos, tornando-se esses “auto-degradados” de que fala Pierre Bourdieu, finalmente cúmplices, apesar de si próprios, do sistema que tende a perpetuar as relações de força existentes.



Na continuidade do estudo dos dados constatamos que as práticas artístico-culturais mais presentes nas comunidades e na escola são a Capoeira e o Hip Hop.                                      A Capoeira é uma manifestação da cultura afro-brasileira que, assim como o Hip Hop, apresenta em sua história, um caráter “desviacionista” citado por Certeau (1994) compreendido em relação às formas como os sujeitos utilizam as regras que lhes são impostas e as quais não têm como fugir, mas sem negá-las,inserem, numa espécie de bricolagem, seus costumes, valores e crenças pois  “ a fraqueza em meios de informação, em bens financeiros e ‘seguranças’ de todo o  tipo exige um acréscimo de astúcia, de sonho ou de senso de humor” (CERTEAU, 1994, p.44).
Nesse sentido, as noções desenvolvidas por Certeau (1994) sobre estratégias e táticas, nos permitem uma melhor compreensão dessas práticas em seus contextos histórico-cultural:


Chamo de estratégia o cálculo (ou a manipulação) das relações de forças que se torna possível a partir do momento em que um sujeito de querer e poder [...] pode ser isolado. A estratégia postula um lugar suscetível de ser circunscrito como algo próprio e ser a base de onde se podem gerir as relações com uma exterioridade de alvos ou ameaças. [...] Chamo de tática a ação calculada que é determinada pela ausência de um próprio [...]. A tática não tem por lugar senão o do outro.E por isso deve jogar com o terreno que lhe é imposto tal como o organiza a lei de uma força estranha [...] é movimento ‘dentro do campo de visão do inimigo’, como dizia Von Bullow, e no espaço por ele controlado [...] Em suma, a tática é a arte do fraco (CERTEAU, 1994, p. 99, 100, 101).

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