quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

cont.

Daí decorre um equívoco de considerar alguns conhecimentos mais importantes em detrimento de outros, privilegiando certos conteúdos e práticas. Construindo processos de aprendizagens que discriminam sujeitos e culturas, atribuindo-lhes ou negando-lhes valores, segundo a visão da cultura dominante. Sobre o tema, continua o autor ao indagar: “Que grupo tem o direito de definir, em lugar dos outros, aquilo que deve ser significativo para eles? [...] Não há um setor particular na sociedade onde se possa fornecer a todos os outros aquilo que os proverá de significação” (CERTEAU, 2003, p. 142).
O que se consegue é aprofundar o distanciamento entre arte-escola/arte-vida. E nas carteiras das salas de aulas o aluno entra em contato com uma arte que não faz parte de sua vivência, sendo considerada, muitas vezes, como a única e legítima. Porém, na escola da vida, percebe outras formas de fazer artísticos em suas comunidades, fazer dos quais também participa. Silenciar estas práticas, desconsiderando-as é negar-lhe o direito a identidade social e cultural. Como salienta Freire (2006, p. 81): “[...] não posso de maneira alguma, nas minhas relações político-pedagógicas com os grupos populares, desconsiderar seu saber de experiência feito. Sua explicação do mundo de que faz parte a compreensão de sua própria presença no mundo”.  
Segundo Arroyo (2005), assim como é fundamental introduzir conteúdos das diversas culturas e épocas, é também necessário considerar a especificidade desses tempos de vida – juventude e vida adulta – e da especificidade dos sujeitos concretos históricos que vivenciam esses tempos, contribuindo com elementos para reconfiguração da Educação de Jovens e Adultos de maneira a fugir dessa formatação supletiva, preventiva e moralizante para partir rumo a uma visão de sujeitos de direitos e deveres do Estado.
    Para esta discussão destacamos a afirmação de Oliveira (2002, p. 43) quando ela diz que “muitos são os mecanismos que, ao definirem quem é, porque é e como é que se deve ser cidadão, excluem todos aqueles que não preenchem tais requisitos”. Assim sendo, ao se vincular à escolaridade como um pré-requisito ao exercício da cidadania, intensifica-se o discurso de convencimento aos excluídos desta “cidadania” por tal razão, criando-se um “mecanismo de usurpação dos direitos que repousa sobre a desqualificação do indivíduo enquanto tal” (OLIVEIRA, 2002, p. 42), alimentando-se uma irresponsabilidade para dela se beneficiar.
    Sendo a cidadania concebida em relação aos direitos e deveres do cidadão a um Estado, e vice-versa, supõe uma utópica igualdade entre todos. Igualdade que nega as relações sociais de dominação a que grupos são submetidos, como também o direito à diferença. Santos apud Oliveira (2002, p. 47 ) aponta, em outras palavras, que a cidadania e seu exercício não é uma relação entre cidadãos e Estado apenas, mas diz respeito também a “todas as formas de interação social nas quais estamos inseridos”.

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